sexta-feira, 29 de outubro de 2010

' Não lhe bateu, mas ... ' - Testemunho Real

"Eu não queria preocupa-lo sem razão. Provavelmente era só um atraso, "faço o teste e depois logo se vê". Saí da casa-de-banho, mais tranquila - "bolas, que susto" - ia em direcção à cozinha para colocar a "canetinha" no lixo, quando o vi, mais ou menos em contraluz, a sorrir. "Não te preocupes" disse-lhe com uma piscadela cúmplice. "Eu? - disse ele, mudando o semblante, para aquela carga cínica que já conhecía - "olha, meu não era, de certeza".
Deixei de ouvir, um zumbido ténue começou a fazer tilintar-me os tímpanos, parecia que alguém tinha tirado a tampa do ralo da banheira e a minha energia era sorvida pelos furos negros, sorvendo-me para os canos. Escolhi não chorar, virar as costas e começar a fazer o jantar.
Depois de acabarmos de comer, fui ao quarto trocar de chinelos. Ele ficou na soleira da porta e cuspiu:
- Ao menos foi bom?
Não respondi. Não porque não soubesse o que dizer mas por cada vez menos reconhecer aquela criatura em que se transformara o rapaz a quem achei piada, o homem com quem casei, o pai da minha filha, o amor da minha vida."


Como podem ler, não foi preciso dar-lhe um estalo ou um pontapé para a magoar! Ás vezes a agressão psicológica dói muito mais que uma agressão fisica!

Cuidado com as palavras ;) *

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